PADRÃO DA CONCORRÊNCIA
O padrão de concorrência da indústria de
refrigerantes é baseado em diferenciação, no qual os produtos apresentam
algumas distinções entre si, acarretando diferentes graus de preferências
quanto ao desejo de consumir os refrigerantes. Todavia, há uma alta
elasticidade-cruzada entre refrigerantes, significando que, independentemente
do sabor, são substitutos entre si. A existência de inúmeros bens substitutos e
a não essencialidade do refrigerante à população explica a sua alta
elasticidade-preço da demanda, ou seja, sua elevada sensibilidade em relação a
alterações de preços.
Apesar de concentrada, a indústria de refrigerantes
não apresenta fortes barreiras à entrada, sendo a tecnologia de produção de
fácil domínio e a operação em mercados regionais e não diferenciados possível,
em função da alta sensibilidade de consumidores em relação a variável preço. Há
dois grupos estratégicos distintos, havendo barreiras de mobilidade entre eles
e, conseqüentemente, diferentes margens de lucro.
O primeiro grupo é formado por um pequeno número de
grandes empresas, que detém uma parcela um pouco superior a 70% do mercado.
Coca-Cola e AMBEV (constituída de três empresas Brahma, Antarctica e
Pepsi-Cola2 ) representam este grupo, atuam em âmbito nacional e internacional,
produzem em larga escala, têm um forte esquema de distribuição, investem altas
quantias em propaganda e marketing para reforçarem o processo de diferenciação
e voltam-se para um público de maior renda. As principais barreiras de
mobilidade encontram-se nos investimentos em diferenciação, que, no caso de
bens de consumo de massa, exige elevadas escalas de operação. Esses custos
caracterizam barreiras à saída, uma vez que a empresa que adentra a este grupo
estratégico incorre em investimentos que não são apropriáveis em outros
mercados.
O segundo grupo é formado por empresas regionais,
constituindo um grande número de pequenas empresas que possuem uma reduzida
parcela de mercado. Seu foco de atuação recai sobre um público de menor renda
e, por esse motivo, concorrem basicamente em preço. Compõem esse grupo as
empresas fabricantes das chamadas “tubaínas”, que atuam em âmbito regional e
cujos nomes são identificados apenas em sua área de atuação.
As barreiras à entrada no setor foram bastante
reduzidas com a ampla utilização de embalagens descartáveis como o PET. A logística de distribuição constituía a
principal barreira à entrada, sendo necessária grande capacidade de articulação
com a rede de distribuição para levar o produto aos pontos de venda e,
sobretudo, recuperar os vasilhames para posterior reaproveitamento. Atualmente
transpor as barreiras de mobilidade no mercado de refrigerantes exige maiores
esforços do que entrar no mesmo, visto que implica aumentar o raio de ação
mercadológico de regional para nacional. A Schincariol, por exemplo, tem
transposto tais barreiras, reduzindo o problema da diferenciação, da
distribuição, as duas principais barreiras de mobilidade no setor de
refrigerante. Para isso, a empresa tem
expandido sua linha de produtos, por meio de crescentes investimentos em
publicidade e propaganda para promover sua marca nacionalmente, e ampliado sua
capacidade de produção e distribuição.
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